Subtraindo o começo da história, a coisa seria mais simples. Ouvindo com cuidado o ruído da alimentação com o garfo no prato e a tritura dos alimentos. Ficando a partir daí. Do som humano e digno. Som sábio para quem quer aprender. Mexeria, reviraria e se nutriria aos poucos, tentando ser eficaz e eliminar. Estar presente. E estar tão presente, então, é ver passar. É prestar bem atenção ao que foi e ao que está sendo; ao que desce e ao que está descendo, ao que ocorre a nossa fisiologia e a de quem se aproxima devagar.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Presente sem começo
fazendo parte do recomeço estranho que era também perceber, abrir, olhar e fechar olho; chamar, esquecer e relembrar; sonhar, levantar e sair acordado para se encontrar com o que é dito real, fruto do que não passa de esquecimento puro de muito.
Subtraindo o começo da história, a coisa seria mais simples. Ouvindo com cuidado o ruído da alimentação com o garfo no prato e a tritura dos alimentos. Ficando a partir daí. Do som humano e digno. Som sábio para quem quer aprender. Mexeria, reviraria e se nutriria aos poucos, tentando ser eficaz e eliminar. Estar presente. E estar tão presente, então, é ver passar. É prestar bem atenção ao que foi e ao que está sendo; ao que desce e ao que está descendo, ao que ocorre a nossa fisiologia e a de quem se aproxima devagar.
Subtraindo o começo da história, a coisa seria mais simples. Ouvindo com cuidado o ruído da alimentação com o garfo no prato e a tritura dos alimentos. Ficando a partir daí. Do som humano e digno. Som sábio para quem quer aprender. Mexeria, reviraria e se nutriria aos poucos, tentando ser eficaz e eliminar. Estar presente. E estar tão presente, então, é ver passar. É prestar bem atenção ao que foi e ao que está sendo; ao que desce e ao que está descendo, ao que ocorre a nossa fisiologia e a de quem se aproxima devagar.
sábado, 30 de outubro de 2010
Como estava tendo que ser
O que faltou para que o restante do que ainda não tinha sido falado ressurgisse em nome do que não tinha nome e nem significado aparente?
Vaguidão, nulidade, extensão mesmo, planura — quantas outras fraquezas ainda mais. Toda vez podendo reproduzir o que andou acontecendo; mas não é isso que tem importância mais. Só resta, de repente, puxar novamente a coberta do existencial, abrir as cortinas, ver o que se passa no interior, sobre o estertor anteriormente inaudito. Desnudar-se — e s p l e n d o r o s a m e n t e — num rio de era-assim-que-tinha-que-ser.
sábado, 9 de outubro de 2010
Ainda maior que o sempre ter
(...)
O que ficou no momento exato em que nada mais parecia existir, foi apenas um espaço individual. Ele ainda existia e não sabia por quê.
(...)
Aguardava uma resposta... Todo o resto devia ter sido assim de fato, um aguardo. Uma vigília ansiosa pelo bom e pelo ruim. “Aguarde-se” devia querer dizer. Aguarda-se outro querer ainda maior que o ter e o sempre-ter. Porque o ter e o sempre-ter podem ser mais complexos ainda. Pode-se, em seguida, querer somá-los no meio da noite esperando-se obter um resultado maior. Mas se não fosse isso, do que faria parte então? Ficai, ficai, ficai, sempre se espera. E havia um quê de culpa nos olhos de quem de repente chegou.
(...)
(...)
sábado, 7 de agosto de 2010
Tinha alguém lá
Disse que havia tanto a se explorar, que havia possibilidade de manter tudo sempre muito fresco, por mais usado, como mãos lavadas, e que um escape só dependia daquilo que não queríamos saber. — Não sei o que saber quando tudo que se sabe já não é tão sabido dentro de uma utilidade única, e nem o que querer, quando tudo que se quer não é visto da maneira como poderia; então qual seria a maneira? minha maneira não é sempre a mesma; não há só uma, disse também. Essa nossa minha maneira está sempre sendo rápida demais, sempre sendo e querendo mais; porém só o que podia querer era um encontro bom mesmo. Na praça onde ela chorava sentada com o sapato jogado ao lado no chão, recusando ajuda, rejeitando possibilidade. “Ou deve ter sido deixada ou deixou cedo demais”. Bem cedinho tem vivido o que todos temos vivido juntos: tem vivido sozinha. Filha da praça agora, o que queria? só lamento? Só o que podia sentir, vontade de sentir — chão da praça, quem o é que já não o tenha tocado? Podia engatinhar toda a extensão plana e alcançar, obtê-la, e lá, no alcance perpétuo da lágrima desconhecida dizer que sim, que havia mesmo muito a se ver.
sábado, 10 de julho de 2010
“É isso que precisa”
Ia se manter em pé esperando que perguntasse. Que trouxesse então, como quem traz um grande alimento nos braços, a sua alimentação. “É disso que precisa”. Podia até se apoiar nos dedos se quisesse... Aguentaria. (Não estava lá, ou fingia não estar). Ia olhar bem, reparar... O que pretende?, podia ser a pergunta. “O que vai fazer amanhã?”, veio do nada. — Veio como veio e foi como foi. Lembrou que estava perto, e tinha que sorrir.
Estava mesmo sendo assim; estava se reprisando enquanto não fosse como queria. É isso, só um abastecimento então, sem que por sua vez se saiba de alguma coisa... é só isso e não passa de uma recepção de qualquer coisa. Um recebimento afetuoso do que já está sendo passado. Manter-se-á como uma coisa inédita na incerteza de não ser. Postando-se como alguém que realmente esteja a fim de receber toda a dificuldade alheia do mundo. Como quem estivesse disposto a enfrentar gratuitamente toda essa constante dificuldade.
sábado, 19 de junho de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
sem extensão; amanhece
Foi só muito repentinamente que soube que conseguiria a diferença do que foi, quando finalmente quebrasse o dia; ele romperia instantâneo quando não existisse mais vestígio algum de vontade — da vontade de ouvir, de caber e de querer presença sem criação.
sábado, 27 de março de 2010
:
(...) já não mais acreditava no saber e nem sabia como acreditar em nada. Não soube nem mesmo o que sentir, o que dizer, o que esperar. Esperou sem saber o que esperava, vendo que o retorno da negação estava vivo novamente. Era uma onda fulgurante que vinha e cobria; por dentro dela, incertamente saberia como se pronunciar. Era o que devia: saber não esperar; era o que queria: não esperar sempre demais.
continuando
De repente, estar era tão difícil, (...) passava a se tornar uma complicação que parecia que ia por em risco alguma sobrevivência que vinha se mantendo do passado contíguo (como quando conversara sobre a felicidade). Não havia pra quem dissesse repentinamente “vamos continuar”. “Vamos continuar” agora, seria o fim. Tinha que aceitar olhando, ouvir o estalido do salivar, e se sustentar através disso; continuando sozinho sem dizer.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
Sabia do sumir quando era / sabia pelo espaço ficado.
Ficava um assento livre pedindo. Um assento livre e construtivo. Este assento, pensava, é livre porque é senhor de si? É plano liso que escapa, que escapa de muitas coisas. Brilha demais esta desocupação quase que total; sim, quase, por ser preenchida por uma criação instantânea da vontade. Preenchido e perdido em seguida. O que se cria no sumiço é muito mais que uma tragédia, muito mais que uma aventura, se cria uma trajetória longa e às vezes dolorosa, que perpassa a privação e o querer mais uma vez. O sumiço, quando acentuado, se torna, vê-se fácil, um buraco na parede, que mostra o poder.
(...)
Desperceber virou sinônimo de carecer, e carecer virou antônimo de uma rememoração particular que está contida no assento vago que tornou desacentuado o motivo de estar. Ficar com sumiço, com ausência, passou a se tornar uma relação de amantes que nunca se viram até a noite anterior, até se deitarem ali. Isso é o que também mostra o buraco aberto enquanto dormia; ele exibe um casal que fora forte e feliz, até que amanhecesse... Mostra o que aconteceu, deixa ver o que agora foi, permite olhar o que agora é.
O rombo cáustico, que apresenta o que veio do posterior e o que viria do anterior dos acontecimentos. — Um buraco na parede e a força de um casal desconhecido. O quanto mais caberia no sumiço, dentro da falta.
domingo, 3 de janeiro de 2010
... descansar no que, repousar aonde...
O corpo sempre pede, a carne sempre pede, a cabeça sempre pede. E o que pede o espírito? O que pediu a mulher de palavra que morreu de câncer, de ferida na perna, e o homem que morreu sem ver? O que pedia a mulher que me criou há anos sem mim, e que, também, pude criá-la sem ela? Criá-la foi duro, mais do que me criar, imagino. Mas isso tudo é história longínqua, distante daqui, que não remoça...
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