sábado, 8 de dezembro de 2012

um mosquito


— mas de repente o pairar daquele inseto no ar, o movimento que fazia, o tornava portador de sua real multidimensionalidade;

Bastava pra provar o quão significativo podia ser não ver nada além dele, pois que representava não apenas espécie, mas a generalização de nossa condição presente, por uma trajetória que passa de forma semelhante sempre constante individualmente para cada um.





Não que isso valesse como conforto, mas que demonstrasse, nos entretendo, que realmente não passa de um ciclo que termina e que por se tratar de um ciclo tal qual o entendemos — possui sempre o seu depois.





sábado, 28 de julho de 2012

O aterro que desterre


Quando o que tinha, mesmo o que valia, virava um grande lixão: um lixão de grande porte — que recebia qualquer coisa que possuísse ou que pensasse possuir ou que, ainda, pensasse em possuir. Mas se tinha que ser constituído por posses! — mas que se tinha que admirar e ser alvo e ser objeto. E que se tinha que cumprir. 

O grande terreno baldio estava presente em sua amplitude, parecendo não poder receber mais nada; o que antes valia, estava com ele agora; com ele, os depósitos que recebe pareciam mesmo valer tanto outrora — valia a ideia, valia a vontade, reluzia a nota e chamavam a atenção os mínimos artefatos, que um dia se disseram uteis demais. Glicério, Gramacho, o que cabia neles. 

Usava-se de nomes pela primeira vez, para representar o grande aterro em que mal cabia. 


sábado, 21 de abril de 2012

O seu recomeço acontecia antes mesmo de ter terminado alguma coisa




"Se fosse pedir o que vinha de mim, viria coisa que nem sempre agrada. Viria lembrança. Pedindo o que havia. Trazendo incapacidades, desastres, desajeito. Existe uma grande fatalidade que parece acompanhar cada um de nós sempre; desde que chegamos aqui, abrindo nossa boca desdentada pedindo.





Ao pedir o seio, o que mais pedíamos junto para o nosso futuro? "