sábado, 7 de setembro de 2013

Blanco (repostagem)




    "Me vejo no que vejo 
Como entrar por meus olhos
Em olho mais límpido
Me olha o que eu olho
É minha criação isto que vejo
Perceber é conceber
Águas de pensamentos
Sou a criatura do que vejo "














domingo, 25 de agosto de 2013








e o sábado morria no domingo, lenta e dolorosamente, pra dizer que (ele) não podia mesmo continuar sendo um parasita em sua vida (na vida dela), um verme. 









sábado, 20 de julho de 2013

O valor dos valores ou O valor da precisão ou (finalmente) O valor da interrupção ou a inexistência dela


DIA APÓS DIA, DEPOIS DO MÊS E DEPOIS DO ANO e depois do outro ano e mais outro e depois era uma década sem que antes notasse que horas eram.

Nos resumíamos, dormentes, autodopados, dia à dia, mecanicamente, maltratando alguém quando algo não era como queríamos na totalidade; futilizando e cultivando a inutilidade, como anestésico ainda e...


***


sem compromisso, palavra que comprometesse, valor que pudesse depositar como outrora fizera. Outro valor se perdera mas no entanto não estava se tornando um bom matador de valores. Pelo contrário, permitia que os valores fossem maiores do que si próprio em determinados momentos; consentia que os valores o matassem.

***


A desvalorização das coisas ou o valor já transvalorado de alguém, de que outro alguém dissera — surgidos não sabia de quando — modificavam, gradativamente, também o que éramos?  Tornando-me ignorante de mim para os outros? Me vitimando, me armando contra alguém a quem devia querer bem; e atacar, como que me atacasse a mim mesmo ou se atacasse o fluxo ininterrupto que me engolia e que me enfurecia sem que eu percebesse a verdadeira causa.
O que enfraquecia e fazia cair, e fazia mais uma vez ser idiota e não sentir a grama e não levantar os braços e não olhar para o lado.

Perdendo visão, o campo desta, o que ela proporcionava. 

E a dormência que era necessária para subsistir; perdendo o que seria o real sentido do ver. Ver já não bastaria então. E se ver e se sentir já não era mais preciso... —

sábado, 22 de junho de 2013

Se os ouvidos fossem estourar e os olhos saltassem para fora, seria que não haveria mais transbordar de nenhuma das coisas que se atualizavam para nós todo o tempo; ficando se propondo, se vindo e se aproximando múltiplas do momento já não mais desfeito do agora que aconteceu.



E o agora não podia nunca deixar de existir e nem nós deixar de existir para o agora, porque ele era para nós e quando foi feito disseram que ele era bom, devendo ser provado como um pedaço de torta saída do forno divino neste instante que devia ser mais sagrado outrora ou ainda mais sagrado do que o podíamos fazer(?). Ou nada mais devia ser sagrado. 

Tem um gosto peculiar. Sente o estourar no canto, nas covas onde as glândulas salivares se excitam fazendo cócegas. 

O que você nos diz quando se cansa de analogias e quando se cansa de estar sendo retrógrado? Deixando de ter interesse de falar sobre a terça-feira ou sobre a quinta-feira. De como a semana passou depressa demais e de como será quando o próximo dia de descanso virá. 
O dia de descanso perdeu seu sentido quando o cansaço passou a ganhar um sentido maior do que aquele que se estava querendo sentir ou aquele que já se experimentou mas que foi breve demais para recordar propriamente. 
Do desprezo de se cansar a uma luta inimaginável: se estimulava em silêncio; lembrando como quando não se podendo calar a boca se falava sobre o cansaço, mesmo sem ação alguma.

sábado, 23 de março de 2013

A goela densa




— 
Bem, mas como vou continuar, se não consigo deixar de pensar no que acabei de vivenciar mas que devia ficar para trás. 
Não posso continuar enquanto não for suficiente  propriamente suficiente  de fazer o que gostaria de ver e o que gostaria de ter; o que não encontro. 
Sabe o que quero dizer? Fazer o que queremos por não termos o que queremos e criar aquilo do que fomos privados.
Criar o que não estamos tendo, como que fosse te criar um pouco e você me criar um pouco.



"é ser arrancando repetidamente o seu próprio dente de leite na infância; tinha que tirá-lo da boca com a ponta dos dedos, sentir soltando vagarosamente; e seu estalido ao se desprender totalmente e o gosto de sangue  na língua!".







(...)

Caminhavam juntos e caminhavam separados para poder caminhar mantendo um ao outro; se mantendo assim também. Deixando as pegadas que  seriam logo em seguida apagadas.



sábado, 2 de fevereiro de 2013

Dualidade paradoxal e antagônica da beleza

O tempo que se media inteiro pelo ter e pelo não mais ter e pela ilusão do ter e de sempre ter. 

(Mais uma vez o sempre estava enfrentando o nunca, caindo num jogo fácil, previsível, fugaz. Era mais uma dualidade inútil, inventada quando surgiu a ideia de união e de que sozinho ninguém aguentaria e de que haverá sempre um complemento para um elemento e assim por diante. Nascia o casamento também nessa mesma época).

"Que tinha que sair, que tinha que ganhar que tinha que não mais tinha, tendo o que quisesse no plano do ideal".


Mas tinha a capacidade de criar uma feiura imensa, carregada. Podendo ser trazida a tona a qualquer hora. Sendo feio não o que foi dito ou o que foi visto repentinamente, mas o que já estava lá o tempo todo, misturado ao que antes parecia bonito.


Trazendo para o meio da representação e da simbologia, deixando assim: — era uma macarronada bem bonita, atrativa, vomitada de forma loquaz, azeda, com pedaços efervescentes no chão. E pedaços rosados, de carne moída, saboreada com tanto requinte; agora se perderia no chão. Uma dama da sociedade não poderia vomitar daquele jeito. Alguém que um dia falou sobre a beleza das paisagens naturais, dos adornos celestiais, empregando técnicas que tornariam a leitura mais elaborada e mais prazerosa, não poderia dizer nada sobre aquilo.  Que o vomito e os pedaços de carne e o ácido gástrico no chão, dizer de forma simplória, cheiravam azedo e eram uma coisa bonita de se ver, como um espetáculo também natural. 

Então o contraponto seria dizer: a brisa leve na face do dia, o sol que ardia e os pássaros rasgavam o céu. Estava ali. Estava tudo. Sentia os olhos, via que havia mesmo algo além... havia vômito no chão e não havia...

sábado, 8 de dezembro de 2012

um mosquito


— mas de repente o pairar daquele inseto no ar, o movimento que fazia, o tornava portador de sua real multidimensionalidade;

Bastava pra provar o quão significativo podia ser não ver nada além dele, pois que representava não apenas espécie, mas a generalização de nossa condição presente, por uma trajetória que passa de forma semelhante sempre constante individualmente para cada um.





Não que isso valesse como conforto, mas que demonstrasse, nos entretendo, que realmente não passa de um ciclo que termina e que por se tratar de um ciclo tal qual o entendemos — possui sempre o seu depois.