sábado, 24 de setembro de 2011

a imagem que precisou

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                              uma demonstração banal do que podia ser feito ali. Uma linha em branco e fica tudo balançado. (...) Pois a linha branca, o que ela representa?

Como posso ser plácido assim! Sem tentativa de fim. Sem me importar com o meio. Agora enxergo bem.

Tudo isso pode ser útil mesmo. Contra a linha branca que é a demonstração do pensamento fraco que se esgota pensando em como seria bom estar no meio, ou chegar logo no fim; esquecendo como quão pouco importa o fim, o próprio-fim, em si.


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sábado, 25 de junho de 2011

uma idealização, alguma coisa



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 Exaspera-se, vendo através de alguém que já não habita mais o quão ralo pode ser o que se passa em sua mente. Frágil, e se esfarela conforme bate uma brisa leve, que leva embora, carregado por uma nova e repentina vontade: de assistir em conforto. Colocar à mostra as coisas do dia-a-dia.
 — Acordo e vou dormir; “tenho pressa do dia passar”; “estou aprendendo um idioma novo, considerado difícil por muitos”; “elogio um amigo”; ajo de forma engraçada; digo coisas que podem ser úteis; exprimo um riso de forma atual, e estou inserido num meio, fazendo parte do futuro, me orgulhando de minha própria incerteza alimentando a minha própria confiança com pensamentos tirados a partir do que acho que fiz de forma admirável; então comunico, aos meus contatos e seguidores todos, novidades quaisquer que me aconteceram de ontem pra hoje; também gosto da tolice, quando ela é proposital, e a causo com um gosto peculiar; outra coisa que vai interessar a todos — escrevo e escrevo, mostro e faço conhecer como estou pensando ser. E é assim que estou crescendo, me enraizando. Vou mantendo o que tenho e até mesmo o que nunca passou por perto. Mas de repente imagino que um pássaro pousou dentro da minha boca e pisoteia minha língua inteira. Já perco a idealização que estava sendo criada tão prazerosamente.




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sábado, 14 de maio de 2011

Mandou de volta

















Deixar pra trás fica difícil quando deixar pra trás não é certeza, pensou. Deixar pra trás só fica certo quando esquecer acontece de verdade.
Esquecer aconteceu e então... nunca mais voltaria.



























sábado, 26 de março de 2011

Um



Do ontem, ainda continuava nascendo muita coisa; do agora, ainda surgia vontade de amanhã. E levanta e caminha em torno com o desejo, respira e admira bem. Na prontidão pra receber ajuda de ninguém que pudesse dizer sem piedade o que estava acontecendo.

Pra continuar, precisava mesmo dela.


até que o dia ia anoitecer e a noite amanhecer. íamos juntos, contudo. Ser felizes — era uma necessidade. A gente podia era uma, quando ainda era um. Ainda era um, quando ainda se é um — quando, sempre, se está sendo um.



sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pensou



que poderia criar então, sem nada de especial; seria especial então por isso. Por não ser especial. Mais uma vez. Resta. E o que fica pra falar quando o dia está terminando e se vê que pela rua toca uma música alta e infame que não agrada a ninguém mais senão aquele que a ouve? Havia tanto pra falar mas vontade nenhuma; tanto era implantado em nós por um ou outro e ao mesmo tempo destruído sem intenção por quem não nos entendia como pensávamos que tinha que ser. Logo, cada detalhe de cada coisa a ser dita, a ser contada,  escapa, como um rato gordo porém veloz.
Do pensamento, pensa que o que resta, resta do corpo. E que o que ainda sobra é sua procura.