sábado, 27 de junho de 2009

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(Stela) Nem Maria do Socorro nem seu Nelson — e até mesmo a Ana — deixavam-na passar pelo portão.


Numa sexta-feira sem sim descobriu que o não jamais seria pronunciado da maneira que poderia: parar sem se alongar e aguardar a vontade; mas a vontade vem quando pensa no fim; teve um fim e parou de se criar ou apenas se interrompeu por um instante — olhou para os lados e passou.

sábado, 13 de junho de 2009

Stela (um peso a menos)

Não seria preciso fingir estar só, para poderem estar juntos. Podia-se dizer que... sentariam frente a frente. Sentar-se-ia a sua frente — estar frente a frente com a boca que não sabe por que fala, com as orelhas que não sabem por que ouvem, e de costas ao rebusco interminável. Ficando pelo chão de um estado que não deve ser mencionado, porque se está longe da casa — e ela não queria ver ninguém lá, não queria olhar pro gás, nem pro corpo e nem pra cabeça deles, disse. Não querer ser como se é, é um desconhecimento. E se ser a si é uma grandiosidade, por que não querer ouvi-la? Por que não desejar estar ao lado?
(...)
Devia contentar-se apenas com a sombra, para que pudesse se satisfazer e ter em mente o que na verdade devia; o que, na realidade, lhe faltava. Deveria realmente ouvi-la, para que pudesse escapar. Ainda que o que se vê não tenha rosto, o que se vê, enfadonhamente, se repita, o medo e o sonho do desmanche tentarão desmentir a face dela, falando de feiúra e do tamanho que ela tinha. Se a botaram pra nascer, a culpa foi de quem? Se a encarnaram e a desencarnaram, reencarnaram e desencarnaram o que é que poderia ser feito, sem que lhe trouxessem a lembrança do estudo que a tornaram? Se, em um momento vago, se faz fácil encontrá-la, se faz necessário abordá-la, como quando se aborda alguém na rua, é porque a crença é pouca. O que se sente é o abraço de algum desconhecido que se encontra na calçada e, dessa maneira, se prossegue aceitando, com o braço do estranho no pescoço.
(...)
Não querer ver ninguém no mundo — é doença. É requerido um estudo detalhado. É necessário por a cabeça sobre a mesa e olhá-la com um só olho. Analisá-se a forma de uma mulher dessa maneira, pois querer viver comendo, bebendo e fumando — é natural. E é dito mais — é necessário para o prosseguimento de mais dias. Contudo, vida fácil — não nesse mundo. Não é como gosta. São todos expulsos de seus chãos; expulsos sobre as camas, ela disse que foi dito que lá não se podia ficar. Diferente da pergunta: para onde se vai quando se cai da cama estreita?, seria dito: é para onde se cai quando se vai da cama estreita.
(...)
Já estarão perto, aceitando um do outro o que não se queria e não temendo não fazer para agradar; recebendo mutuamente o presente que se perderia se assim não fosse.