sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
O alimento temporal
Mas ainda possui fome
Mesmo hoje um Senhor
E não se vendo mais passar como um dia cria-se ver
Tirou de minhas mãos um momento de brinquedo
E engoliu
Destruiu tudo aquilo que um dia se esperou
Tentativa de escape foi inútil
Fome, na pressa e na preguiça
Consumidor da força capilar
Vilão horripilante ao idoso na calçada
Seca a terra
Pai da esterilidade
Seca a terra sobre pés e os põe em um buraco
Buraco de minhoca
O buraco do qual ninguém pôde passar
Sem passar por tua boca
Boca essa que é feroz
Devora como fera
É como o lobo que comeu o filhote que nasceu
Não se sabe mais o novo
Devourou-o
Roubou o ouro que havia
Comeu a sabedoria que se tinha
E fugiu
(E, ainda assim, Ele é preciso)
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Cronos Devora seus filhos; Goya
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Blanco
"Me vejo no que vejo
Como entrar por meus olhos
Em olho mais límpido
Me olha o que eu olho
É minha criação isto que vejo
Perceber é conceber
Águas de pensamentos
Sou a criatura do que vejo "
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Poema: Octavio Paz / Versão: Haroldo de Campos
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