Que fazer diante de tudo que via além de friccionar os dedos no recanto secreto que se fez o bolso das calças, pra que não fizesse algo como erguer as mãos, unidas e abertas, diante do que jamais poderiam receber? — Atritam-se o indicador e o polegar então —, pois sem isso, a nudez seria sentida; como que sem roupas, acocorar-se-ia no chão. Não podem elas, as mãos, serem erguidas assim, de um momento para outro, diria alguém; pode haver uma entrega, com suor e confusão, da real percepção da discrepância entre o que havia e o que realmente poderiam sustentar. — Esfregam-se todos os dedos; ninguém os sabe e ninguém os viu. Atritam-se lentamente, quentes, protegendo tudo que desmoronaria de um momento para o outro, tão rápido quanto poderiam ser erguidos os braços na face daquele céu. A sustentação na transpiração! tão secretas e protegidas; as duas, unidas e abertas, impotentes diante do dia, esperando receber o que ninguém entenderia. É assim que poderiam desejar, realizando-se mais do que resguardando um objeto de valor? Ou acariciando a face da pessoa amada? Por um momento então param — porque as pessoas da fila podem apenas supor o que existe nos bolsos das calças alheias; podem apenas supor, entendendo que são um abrigo comum, sem saberem que na verdade resguardam, no tecido da sombra calorosa, de linho ou algodão — não pôde bem distinguir, talvez fosse um composto, ou 100% algodão apenas —, a verdadeira identidade daquilo que se sente; daquilo que se espera em pé, com os olhos bem abertos, denotando que são eles que deviam agarrar o que se via e que não estava ali.
Linho ou algodão; sem aquilo os pés podiam falhar, e, com o histerismo pela queda do corpo, as pessoas dali perguntariam, e diriam atônitas na ajuda: “como estão frias, as suas mãos!”, sem saberem o que falta, sem saberem o que se espera; sem saber o que se tem.
Linho ou algodão; sem aquilo os pés podiam falhar, e, com o histerismo pela queda do corpo, as pessoas dali perguntariam, e diriam atônitas na ajuda: “como estão frias, as suas mãos!”, sem saberem o que falta, sem saberem o que se espera; sem saber o que se tem.
Um comentário:
...sem saberem como o tempo parece se dilatar quando se espera...
(é bom estar de volta por aqui...)
Postar um comentário