— Deita na terra!, não ouviu esta exclamação, não havia ninguém que pudesse dizê-la. Não havia ninguém que pudesse dizer que encostar o ouvido no chão, mantê-lo grudado na terra, na tentativa de ouvir algo de bom, poderia ser feito. Foi quando se percebeu que o mundo não é feito só de palavras bonitas; surge o desejo de se deitar ali mesmo na grama, no chão, na terra, no pé daquela árvore, e permanecer: com muita calma pode-se conseguir; rosto a rosto, é apenas você e o chão, que com a respiração ofegante, tanto quanto a sua, diz alguma coisa — é tranqüilizadora a sua palavra de chão pisado, que agora sente a sua face na dele —, pois o mundo não é feito só de palavras bonitas: com uma em uma das mãos se tem a chance de um arremesso contra o peito de alguém pra destruir-lhe o dia, com a outra, pode-se criar... Mas de quem é a escolha? De quem é a culpa? — Da causa ou do efeito? Do tempo passado e do que nele foi feito, ou apenas do tempo de agora? Da sentença que surgiu primeiro? É do que se inventou sem a necessidade de se ter inventado? É da pergunta ou da resposta? — Deita na terra!, não havia ninguém que pudesse dizer, não havia razão aparente pra que se pudesse fazê-lo.
Um comentário:
Se, por um instante, fechar os olhos, sentado na terra, quase percebe sua coluna rasgando carne pra perfurar o barro e se fazer raiz. Vezenquando ela tem muita coisa por dizer e pode até não ter nenhum motivo aparente, mas melhor é ouvir a voz da terra...
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