sábado, 29 de agosto de 2009

Num único dia marrom



SÓ SEI QUE QUANDO DEI POR MIM, já estava pego. O dia me pegou e nem percebi; foi instantâneo, fugaz: o dia me pegou e só em seguida me peguei pegando o dia. Fui claro, foi breve; fui fácil, foi simples. Nosso contato se deu sobre a terra úmida; ainda sobre suas mãos macias e frutíferas que me deram o tom de sua profundidade escura; em seguida, a fosforescência clorofilada de que sempre ansiei brotar, ser feliz e lembrei-me da boca brilhosa da mulher que não queria amar nada que lhe fosse gratuito, e eu parecia querê-la como se tivesse escolhido o caminho tortuoso de falar na multidão estando nu. Descobri que a minha confusão era objeto de diversão; provia o divertimento resoluto através de mim! parecendo que faltou intensidade, que ali não caberia a verdade e amar a cor de um dia do qual nunca possuí totalmente, ter a cara de um único dia na certeza de que nunca o possuirei por completo. Sempre apenas em alternância, apenas a cada temporada isolada.

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